Raquel Montero

Raquel Montero

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A garota dinamarquesa



     "A garota dinamarquesa" um filme sensível e muito inspirador. Baseado no romance homônimo de David Ebershoff e inspirado na vida das pintoras dinamarquesas Lili Elbe e Gerda Wegene. Assisti ontem e super recomendo. Mostra o amor de uma forma tão apaixonada e ao mesmo tempo fraterna, e uma mulher, que nasceu homem, e luta pelo direito de poder ser quem ela quer.

O doce da vida




   E de repente meu colega de escritório, João Roberto Dib, encontra isso dentre as plantas do escritório... ...o doce da vida pode se apresentar de várias formas, e as vezes é só a gente virar a folha (ou a página). Desejo um lindo dia pra todos!

   Raquel Montero

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Mais uma vez um homem!

Foto: Milena Aurea/ A Cidade



Tivemos recentemente a eleição da presidência da Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto, bem como de sua mesa diretora.

Por várias razões se pode contestar ou criticar os eleitos, notadamente, o Presidente da Casa de leis de Ribeirão. Mas agora, quero focar num ponto; mais uma vez um homem!

Sim, lastimavelmente, mais uma vez.

Sem entrar no mérito de quem seria ou seriam as candidatas vereadoras à presidência da Casa, de quais partidos são, mas focando unicamente, agora, no gênero - masculino/feminino - e buscando sua igualdade, verificamos que essa não se realiza. E há tempos não se realiza.

Voltando um pouco que seja na história, nos últimos 05 anos, quem foram os presidentes da Câmara de Ribeirão? Homem, homem, homem, homem, homem.

A situação já começa desigual na própria composição da Câmara. São 22 cadeiras na Casa, e apenas 02 delas são preenchidas por mulheres. Na legislatura anterior eram 20 cadeiras, e mais uma vez, apenas duas delas ocupadas por mulheres.

O foco agora é a recente eleição da presidência da Câmara, mas aproveitando o ensejo e para aprofundar na análise da desigualdade, lembro que a Prefeita de Ribeirão, Dárcy Vera, pertencente a outro poder da cidade, o Executivo, é a primeira prefeita de Ribeirão. Antes, todos prefeitos.

Desigualdade que se verifica em todo o Brasil, e aqui, então, se tem mais um reflexo da cultura de um povo, no caso, do povo brasileiro. Para ficar em dois exemplos de âmbito nacional, e que podem ficar só em dois mesmo porque são contundentes e pela contundência revelam o grande abismo da desigualdade em que estamos; há apenas três anos (quase quatro) a primeira mulher ocupou espaço na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, Dilma é a primeira Presidenta da República.


Temos omissões e ações discriminatórias que fazem com que desde os primórdios até hoje sejamos consideradas menos em grau de importância nos diferentes trabalhos, e, notadamente, em cargos de direção. E com isso nossa participação nesses cargos ainda é muito pequena e muito menor que de homens, muito embora sejamos mais no total da população brasileira.


Todavia, quando a disputa ou escolha para um cargo se dá, realmente, por critério de melhor técnica ou conhecimento, as mulheres lideram a ocupação nos cargos de trabalho, exemplo enfático disso ocorre nos concursos públicos.


Em casa, no trabalho, nos relacionamentos, temos que ocupar o espaço que é da mulher, nem melhor, nem pior que o do homem, um espaço igual. Todos nós somos uma individualidade que coexiste coletivamente, sem ter poder e direito de anular o outro, portanto, a mulher não é substituível, ela é parte da sociedade e a sua diferença com o homem traz a complementação necessária para que possamos viver em harmonia em todos os aspectos.  


A igualdade de fato também trará o respeito que está faltando nas relações, e assim não veremos mais a violência praticada contra a mulher. A cada 05 minutos uma mulher é espancada no Brasil. Em 70% dos casos o marido ou namorado que bateu ou matou. Quase 70% das mulheres que procuram atendimento na rede pública de saúde para curar ferimentos foram agredidas dentro de casa. Toda essa violência também é resultado da discriminação. Discriminação que temos que destruir para que tenhamos respeito, igualdade.


Que o resgate histórico que os novos tempos estão buscando fazer sobre a discriminação sofrida pela mulher seja cada vez mais forte, aguerrido e incansável, do contrário as transformações sociais que queremos ter para uma sociedade mais justa e mais pacífica, não ocorrerão, porque só com igualdade de fato teremos igualdade em direitos.


Somos todos partícipes da mesma sociedade, e, desse modo, todos nós colheremos os frutos produzidos socialmente, sejam eles doces ou amargos. A discriminação à uma mulher não é só a discriminação à uma mulher, é uma agressão  à todo o gênero feminino, aos filhos e às gerações futuras que geradas com discriminação terão grande probabilidade de também reproduzirem discriminação.

Raquel Montero


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Dando o peixe e ensinando a pescar

  


   O programa Bolsa Família, do governo federal, completou, em 20 de outubro, 12 anos de existência. Lançado pelo então presidente Lula, ele teve sequência com a presidenta Dilma. Em Ribeirão Preto o Programa atende 9.936 famílias. No acumulado entre janeiro e julho de 2015, as famílias beneficiárias ribeirão-pretanas receberam R$ 10.386.323,00.


    Em recente manifestação da Secretária Municipal de Assistência Social de Ribeirão, Maria Sodré, foi dito por ela que o programa Bolsa Família é muito bom, notadamente pelas exigências que precisam ser seguidas para receber o benefício mensal do Programa, além de acabar com a extrema pobreza e de movimentar o comércio de Ribeirão Preto, o que é bom para os comerciantes e também para os usuários.

  Através do Bolsa Família providências são atendidas pelos beneficiários, de maneira tal, quiçá, talvez nunca fosse atendidas tão rápido se não fosse pelo Programa, como manter as crianças na escola e ter acompanhamentos de saúde, como vacinação, exames pré-natal das mulheres, entre outros. Maria Sodré declarou ainda que pelos dados de junho de 2015, 96,8% das crianças de 6 a 15 anos de Ribeirão Preto estavam frequentando as escolas, ou seja, de um total 13.002 crianças, 12.591 delas estavam nas salas de aula. No mesmo mês, os dados relativos à saúde indicam que 71,1% das 9.109 famílias, ou seja, 6.476 delas, tiveram registros de acompanhamentos médicos. 

  Pois bem, os benefícios do Bolsa Família já ficaram comprovados nos 12 anos de existência do Programa e com os 48 milhões de brasileiros beneficiados. Apesar disso, no entanto, paralelamente sempre existiu o preconceito contra o Programa, em resumo, atacando-o de assistencialista e gasto de dinheiro público. 

  Contudo, o preconceito, com fundamento nesses ataques, sempre foi em vão, pois a própria experiência tratou de os refutar. Na prática o Programa mostrou que não dá para chamar o Bolsa Família de assistencialista se ele mesmo fez com que mais de 2 milhões de famílias saíssem do Programa porque melhoraram sua renda e não precisaram mais do Bolsa Família. Foi na prática que também mostrou que o Bolsa Família é investimento ao invés de "gasto do dinheiro público". Senão vejamos, cada R$ 1,00 investido no Bolsa Família retorna em R$ 1,78 para o PIB brasileiro. Gasto ou investimento do dinheiro público?

  Enfim, isso tudo já é sabido. O que me faz repetir, e com alegria, tais informações, é a ocorrência de mais um fato recente na coletânea de boas experiências que o Bolsa Família vem colecionando. O fato foi contado através de um artigo de Moisés Mendes no jornal gaúcho de Porto Alegre, o Zero Hora. Conta o artigo, que pode ser visto na íntegra no Zero Hora; 
  
   A personagem do ano é a mulher que sai de casa arrastando chinelos e se dirige a uma repartição do município para dizer:
– Vim aqui devolver o cartão do Bolsa Família.
A cena repetiu-se durante todo o 2015 em prefeituras do sertão nordestino ou daqui mesmo, de Canguçu, de Rosário, de Cacequi. A mãe aprochega-se do balcão para anunciar uma decisão importante. Enfia a mão na bolsa em busca do cartão e puxa aquilo que é provisório em meio a outras coisas muito permanentes. E a moça do guichê pergunta:
– A senhora pode me dizer por que está devolvendo o cartão?
– Porque agora, e enquanto Deus desejar, não preciso mais disso.

  São as mulheres que fazem a gestão do benefício do Bolsa Família. Multiplicam os contadinhos. Mas, segundo alguns contrariados com tanta fartura, seriam o exemplo de povo viciado em esmolas. Uma mãe viciada em cento e poucos reais por mês.

  Uma mãe assim deveria dar curso de bons modos aos que atacam o Bolsa Família como distorção que não faz bem ao povo e ao país. 

  E também juízes, promotores e procuradores beneficiados com auxílio-moradia e auxílio- alimentação perpétuos podem aprender com uma mãe pobre que se dispõe a devolver aquilo de que não precisa mais, porque arranjou um emprego ou descobriu um jeito de se virar sem o socorro do governo.

  A personagem de um ano de crise braba não é uma, são as milhares de mães que entregaram o cartão do Bolsa Família em 2015, sem que ninguém lhes pedisse.

  Os outros agarrados a benefícios mais graúdos, que ainda se lambuzam em privilégios que eu, você e todos nós pagamos, deveriam conversar com essas mães. Mas é difícil. Eles preferem continuar viciados em bolsas fartas que também as mães do Bolsa Família ajudam a sustentar.


 Despeço-me desejando vida longa ao Bolsa Família. Uma bolsa de transformações sociais.

Raquel Montero