Raquel Montero

Raquel Montero

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Velório do "Governo nos Bairros"







15/08/2013 foi dia de velório na porta da Prefeitura de Ribeirão Preto. Velamos o enterro que o Governo municipal fez com o programa Governo nos Bairros.
Manifestamos, mediante o velório, o nosso repúdio, a nossa tristeza e a nossa indignação diante dos rumos que tomou o programa Governo nos Bairros. Rumos que fugiram totalmente da real finalidade do programa.
O velório simbólico também representou o respeito que nós sim, munícipes de Ribeirão, temos com o programa, ao contrário do comportamento de inexecução do programa por parte do Governo municipal.
Neste ato também lemos uma moção de repúdio que expressou em palavras nossa indignação e fez a retrospectiva dos acontecimentos ocorridos até agora com relação ao Governo nos Bairros.
Tentando seguir Confúcio, e jogar água na fogueira, o Chefe da Casa Civil, Lair Luchesi Júnior, e o Secretário de Governo, Jamil Albuquerque, representando a Prefeita Dáry Vera, disseram que conseguiram 2 milhões para resolver a pendência dos 36 milhões que deveriam ter sido investidos no programa. Proposta repetida numa reunião na manhã que antecedeu a manifestação que ocorreu às 16hrs. Reunião essa convocada pela Prefeitura logo após termos avisado que faríamos o protesto na porta da Prefeitura às 16hrs. Coincidência? Não mesmo. E por não ser coincidência nosso protesto foi mantido. O povo já esperou demais pela promessas feitas pelo Governo municipal, agora a Prefeita que tinha que esperar até às 16hrs se quisesse, de fato, resolver o problema. 
E como esperado a reunião da Prefeita não surtiu efeito e nem produtividade, e nosso protesto ocorreu com o velório e a moção de repúdio lida na presença dos secretários aludidos, que reiteraram pela proposta dos 2 milhões. Interessante que até menos de duas semanas atrás o mesmo Chefe da Casa Civil havia dito, em reunião que conseguimos realizar na Prefeitura com a presença de quase todos os conselheiros do Conselho Regional de Participação Comunitária (CORPAC), pertencente ao Governo nos Bairros, que não havia dinheiro algum para investir no programa. E agora surgiram 2 milhões...
De qualquer forma, 2 milhões não resolvem o problema dos 36 milhões pendentes para execução de obras públicas na cidade. No máximo atenderiam duas sub-regiões das 18 existentes na cidade. E como ficariam as demais sub-regiões? Pediriam para esperarem mais um pouco? Pediriam para prorrogar a paciência?

Não. Essa proposta é inadmissível e não dá resposta à situação. E por isso reitera-se pela moção de repúdio entregue para Luchesi. E reitero ela abaixo, para aqui também, com as mesmas palavras transcrever como foi mais um diálogo com o Governo municipal da Prefeita Dárcy Vera.
Raquel Montero




Ribeirão Preto, 15 de agosto de 2.013.



À Excelentíssima Prefeita de Ribeirão Preto, Senhora Dárcy da Silva Vera.


Hoje estamos aqui para manifestar o nosso repúdio, a nossa tristeza e a nossa indignação diante dos rumos que tomou o programa Governo nos Bairros. Rumos que fugiram totalmente da real finalidade do programa.

Um programa auspicioso. Uma brilhante iniciativa. Conjugar a vontade da comunidade com a gestão do Executivo para definição e construção de políticas públicas a serem executadas em cada bairro da cidade. Com essa ontologia nasceu o programa municipal Governo nos Bairros. Uma ideia da gestão da, na época, 2011, prefeita Dárcy Vera, e pouco tempo depois, também candidata a reeleição para o Executivo municipal pelo PSD.

Já a caminho da campanha eleitoral de 2.012, referente às eleições municipais, a Prefeita Dárcy Vera, já prefeita mas também já buscando a reeleição, inicia a execução do programa Governo nos Bairros, fazendo reuniões nos bairros de todas as regiões de Ribeirão Preto. As cinco regiões - leste, oeste, norte, sul e centro - foram divididas em 18 sub-regiões, e cada uma das 18 sub-regiões recebeu do programa uma verba de 1 milhão para execução de obras públicas.

Funcionou assim: as obras selecionadas em 2.011, conjuntamente, entre o Governo e as comunidades, seriam, conforme estabeleceu o programa e foi anunciado pela Prefeira Dárcy Vera, executadas no ano de 2.012, e as obras selecionadas em 2.012, seriam executadas em 2.013, e assim sucessivamente.

Promessas feitas, reuniões realizadas (diversas reuniões) e pactos firmados. Acreditando na ideia, muitas pessoas saiam do trabalho e iam direto para as reuniões, levando até suas marmitas. Num exemplo de cidadania, as pessoas de cada uma das sub-regiões participaram ativamente do programa.

Após as tratativas vem o tempo da execução das obras. O ano de 2012 passa ileso, sem o cumprimento do programa. Chega 2.013, e a inércia continua. Sem obras. Só promessas.

Reivindicações de explicações são feitas, de várias formas e por várias vezes, à Prefeitura. E as promessas continuam, porém, sem obras.

Reforçam-se as reivindicações por respostas que expliquem a pendência das obras. E respostas evasivas são dadas, que vão alimentando o descrédito nas promessas feitas.

No eco das perguntas que não encontraram respostas, a Câmara de Vereadores foi provocada para fiscalizar também esta situação, ou seja, POR QUE AS OBRAS DO PROGRAMA GOVERNO NOS BAIRROS NÃO FORAM EXECUTADAS ATÉ O PRESENTE MOMENTO? EXISTE DE FATO A VERBA ANUNCIADA PARA O PROGRAMA? COMO SE CHEGOU AO ORÇAMENTO ATRIBUÍDO A CADA OBRA SELECIONADA NO PROGRAMA?

Perguntas simples, até serem perguntadas para o Governo, onde se tornaram bem complexas para serem respondidas.

A Câmara, por sua vez, também não trouxe as respostas para o caso.

Governo e Câmara foram levadas ao Ministério Público Estadual, para as devidas averiguações.

No afã das respostas, as reivindicações continuaram. E o Governo é procurado mais uma vez. E em mais essa tentativa, já em julho de 2.013, o Governo marca uma reunião para prestação de contas sobre o programa. O Governo ainda não tinha as respostas e "precisava de tempo" para prepará-las. A reunião é aceita pelo movimento que reivindica as obras.

Já na reunião marcada a verdade é revelada, a luz se acende. "Não há dinheiro para executar as obras pendentes", diz o Chefe da Casa Civil, Lair Luchesi Júnior.

Poucos dias atrás, porém, Luchesi havia dito para a imprensa que o dinheiro estava guardado no cofre público. Tudo devidamente guardado para o cumprimento do programa. 

Perguntado sobre propostas para resolver as obras pendentes e os 36 milhões acumulados para a execução do programa, disse ele que não há como acumular os 36 milhões para serem executados. Em outras palavras, "o que passou, passou", fica no passado. Disse ele que o que podemos fazer é pensar nos orçamentos futuros e ver o que se pode fazer com eles.

Xeque-mate. Conseguimos a declaração formal e oficial que precisávamos para publicizar o que foi o programa até agora; mera promessa, inclusive, promessa utilizada em campanha eleitoral. Um programa, todavia, que poderia ter sido o melhor instrumento de efetivação de políticas públicas do atual governo. Agora está claro, para todos que tenham olhos de ver e ouvidos de ouvir. Para que ninguém alegue desconhecimento e para que, diante de novas promessas, você eleitor e você eleitora, analise criteriosamente as promessas feitas e por quem são feitas.

Sem propostas para resolver o problema e sem dinheiro para cumprir com o prometido. O que existem, como sempre existiu, são promessas.
Para quem acredita nas promessas desse Governo, o programa Governo nos Bairros continua, no entanto, as reuniões que deveriam ter sido chamadas este ano para selecionar as obras a serem executadas em 2.014, ainda não ocorreram. Por que será?

Um governo que não consegue realizar políticas públicas se apóia em promessas. Promessas que venham a substituir as omissões. Assim como aquele que tem verborragia para tentar camuflar sua inação. Promessa é a típica gestão do gestor que não tem competência para concretizações.

Repudiamos assim as promessas feitas com o subterfúgio do programa Governo nos Bairros, que até o presente momento só serviram para criar expectativas nas cidadãs e nos cidadãos que participaram ativamente do programa, investindo tempo e engajamento nas diversas reuniões que foram realizadas pelo Governo nos Bairros, participando, essas pessoas sim, com intenção verdadeira de provocar mudanças benéficas na cidade.

E é pelo propósito de mudanças benéficas que também repudiamos a maneira com que o atual Governo tratou e está tratando o programa Governo nos Bairros, bem como os Consellheiros do que fazem parte do programa através do Conselho Regional de Participação Comunitária (CORPAC) e toda a população de forma geral, que está sofrendo com a falta das obras selecionadas para serem executadas dentro do programa.

Toda a cidade perde com promessas boas que não são cumpridas. Mas perde ainda mais, é sabido, aquele que promete e não cumpre, porque mostra sua desonestidade em não cumprir com a palavra dada e com os compromissos assumidos, perdendo cada vez mais seu crédito perante a sociedade. Já a cidadania sempre ganha quando participa, seja para contribuir na elaboração de políticas públicas, seja para repudiar a ausência da execução dessas políticas, eis que esses atos são sementes, que, assim como o grão de mostarda, engendram árvores grandiosas no terreno social, a proporcionarem mais frutos na escalada da história. Eis a nossa função, eis a função que estamos cumprindo aqui, à revelia do cumprimento das promessas feitas por este Governo.

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