Raquel Montero

Raquel Montero

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Nas eleições de Ribeirão Preto, protela-se a renovação



Ontem concluímos as eleições municipais de 2012 para os cargos de vereador e, em muitas cidades para os cargos de Chefe do Executivo.
Em Ribeirão Preto teremos segundo turno para saber quem será o próximo prefeito ou prefeita da cidade. A escolha será difícil, eis que teremos PSD x PSDB. Partidos com um histórico reacionário, conservador, elitista. Escolha difícil ou falta de escolha?
Para os cargos de vereador do nosso Legislativo o resultado da eleição decepcionou muita gente. Muita gente que acreditava na renovação e que os escândalos protagonizados pela maioria dos atuais vereadores nas votações da Casa de leis teriam despertado a população, ou a maioria dela, para a mudança.
Foram reeleitos os seguintes vereadores: André Luiz da Silva (PCdoB); Capela Novas (PPS); Cícero Gomes da Silva (PMDB); Giló (PR); Gláucia Berenice (PSDB); Jorge Parada (PT); Bebé (PSD); Bertinho Scandiuzzi (PSDB); Léo Oliveira (PMDB); Maurílio Romano (PR); Samuel Zanferdini (PMDB); Saulo Rodrigues (PRB); Waldyr Villela (PSD); Walter Gomes (PR).
Foram eleitos os seguintes novos vereadores: Ricardo Silva (PDT); Maurício Gasparini (PSDB); Marcos Papa (PV); Genivaldo Gomes (PSD); Paulo Modas (PR); Beto Cangussu (PT); Rodrigo Simões (PP); Viviane Alexandre (PPS).
Os atuais vereadores que não foram reeleitos: Coraucci Netto (PSD); Marcelo Palinkas (PSD); Nicanos Lopes (PSDB); Nilton Gaiola (PSC).
Frustrados ficaram todos aqueles que perseveraram na ideia de que do jeito que estava não poderia continuar e o rompimento disso viria, num primeiro momento, com a não reeleição dos atuais 18 vereadores que se candidataram, porque se tanta reclamação há da população em relação à cidade e às pessoas que a administram e fiscalizam, condizente seria não votar nos mesmos que ai estão para tentarmos, com novos representantes, inverter a situação que está provocando tanta insatisfação.
De fato, pela totalidade dos votos de cada candidato eleito, verificamos que poucos foram os votos e que se não fosse pelas coligações, muitos não teriam sido reeleitos. E ai somado a isso temos a falta de informação de muitos eleitores que na ignorância propositadamente produzida pelo sistema, que sabe se aproveitar muito bem desse artifício, tivemos o resultado catastrófico com que nos deparamos ontem.
Muitos eleitores sem acesso a internet, a televisão, aos jornais e desinteressados da vida política da cidade e de nossos representantes, votam em números, desapegados de qualquer significado ou qualidade do que esses números representavam. Pessoas que são o produto da falta de investimento em educação, em instrução, em análise crítica, porque, afinal, tem muito vereador que não quer ser analisado, muito menos criticado.
Nesse submundo de conscientização, os viciados no poder renovam seu vício, perpetuam seus currais eleitorais, alimentam com o mais pobre e atroz assistencialismo almas que ao relento da sorte, admitem a mais fugaz oferta para seus votos. Paralelamente, há aqueles que não carecem de dinheiro, mas carecem de princípios e interesse no bem coletivo, votando como mais bem aprouver seu interesse particular. E essa é a pior carência, porque não provém da necessidade, mas do egoísmo.
Quanto ainda temos que melhorar, pessoas a despertar, vícios a curar, males a erradicar, hábitos a condenar, sistemas a alterar, vidas a conscientizar...
Concomitantemente tivemos campanhas de pessoas e movimentos protestando pela renovação, sendo a campanha do Movimento Panelaço, a mais enfática. Fomos às ruas, à Câmara de Vereadores, à Prefeitura, nas redes sociais e na imprensa, manifestar a renovação que entendemos ser extremamente necessária. Tivemos muito apoios na ruas, que se repetia e aumentava a cada ato. No último dia da campanha "Não Reeleja", dia 06/10/2012, estávamos no calçadão e ruas sob um sol de 40 graus. Ativistas que abdicaram de suas vidas na busca de uma outra realidade, que possibilitasse o bem de todos e da cidade, algo bem diferente das condutas que vivenciamos na atual legislatura.
Pedir a não reeleição não foi utopia, foi necessidade e coerência com o progresso que queremos para a cidade. Utopia é imaginar que isso venha sem a renovação dos atuais vereadores.
Mas enfim, o voto é individual e deve ser livremente manifestado, independente da concepção de cada um e do candidato escolhido. Isso é democracia, e respeitar esse ato é respeitar a democracia.
Mas respeitar a democracia também é possibilitar a todas as pessoas acesso a educação, instrução e informações, de maneira irrestrita e incondicional, para, dessa forma, as pessoas poderem formar suas opiniões e, ai sim, votarem.
Simplesmente distribuir "santinhos", bolas, cestas básicas, criar ong´s, casas assistencialistas, ser fiel participante de igrejas, não ajuda em nada o processo político eleitoral, a democracia, a cidade e a vida das pessoas, pelo contrário, agindo assim o candidato os desrespeita da maneira mais torpe e covarde.
Mas tudo isso também demonstra que muitas coisas precisam ser corrigidas e melhoradas em nosso sistema eleitoral, na vida da cidade e em nossos eleitores, e nada disso deve ser justificativa para desistência, pelo contrário, deve sim ser estímulo para aumentar os esforços para a mudança acontecer e já que essa mudança não se faz de um dia para ou outro, mas todos os dias, é diariamente que devemos agir para o progresso, a renovação, trilhando o caminho, fazendo a caminhada, colocando os tijolos.
Difícil? É sim, muito difícil, mas ninguém falou que ia ser fácil. E as pedras no caminho, parafraseando Fernando Pessoa, servirão para construir nosso castelo social.
Raquel Bencsik Montero

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